Evento discutirá a atual conjuntura política e as estratégias de resistência ao fascismo.
(Foto/Arte: Gustavo Palermo)
São Paulo recebe entre os dias 15 e 17 de maio o Encontro do Conselho Nacional Popular LGBTI+. Fruto da articulação de mais de 25 organizações da sociedade civil, o Conselho Nacional Popular LGBTI+ nasceu no dia 28 de junho de 2020, data que marcou um ano da extinção do CNCD/LGBT (Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dados Direitos Humanos de LGBT) pelo Governo Federal e também é o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+.
A resistência vem sendo feita em resposta ao avanço do conservadorismo nas instituições de poder do nosso país, à grande perseguição das pessoas LGBTI+ no Brasil e aos ataques de direitos sofridos pela comunidade desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.
Léo Ribas, articuladora nacional da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), explica que é necessário o fortalecimento da resistência à necropolítica nefasta instaurada oficialmente no Brasil.
"Compõem o Encontro entidades do movimento social organizado LGBTI, órgãos de classe, sindicatos e associações. O Conselho, que encabeça o Encontro, é composto por entidades de âmbito Nacional que defendem o estado democrático de direito, a ciência e a vida das populações vulneráveis", pontua.
Dê Silva, mulher trans e professora da rede municipal de educação em Rondonópolis, representa a Via Campesina Brasil no Conselho.
"O Encontro nasce com o intuito de denunciar os assassinatos e a violência que atinge as populações LGBTQIA+ e a impunidade dos crimes cometidos contra a nossa população", argumenta.
Segundo a professora, o Encontro trará a sistematização das discussões negligenciadas pelo governo federal e que representam Bolsonaro. O evento também discutirá as violências fruto da intolerância, do desrespeito, do fascismo e do ódio que tem sido impregnado na população brasileira e a sociedade como um todo.
"O objetivo é, também, fazer atos políticos e culturais a fim da promoção e defesa da cultura, da liberdade de ser e amar quem a gente desejar e exigir do Estado brasileiro que se cumpram os direitos constitucionais e que seja resguardado sobretudo a população LGBTQIA+ o direito à dignidade humana", argumenta.
Um encontro para todas e todos
"O Encontro é popular e a mobilização desse encontro tem sido feita pelas mais de 25 organizações que compõem o nosso Conselho Nacional Popular LGBTQIA+. Nós entendemos que nesse momento histórico que vive o Brasil a unidade faz necessário", explica Dê Silva.
"É necessária a união da classe trabalhadora para derrotar o fascismo, para derrotar a política de ódio. É preciso unidade das organizações LGBTQIA+ do Brasil e das organizações que discutem o campo mais progressista brasileiro para fazermos o enfrentamento a essa mazela que caminha historicamente com o povo brasileiro que é a intolerância, que é o desrespeito às populações LGBTQIA+", finaliza.
PROGRAMAÇÃO
"Nós teremos três dias de uma programação intensa envolvendo mesas de diálogo, palestras, discussões acerca dos temas que envolvem as populações LGBTQIA+ no Brasil", explica a professora.
O primeiro dia, domingo (15), terá como marco o lançamento do Programa Brasil de Todas as Cores, uma plataforma de luta e direitos sociais das LGBTI do Campo Popular, que visa discutir a implementação de políticas públicas para as populações LGBTI no Brasil.
A segunda-feira (16) contará com mesas de debate sobre a conjuntura política, sobre as demandas por políticas sociais e as estratégias de resistência ao fascismo. As discussões também percorrerão os campos da cultura e da arte.
O Encontro terá como encerramento um grande ato político e cultural intitulado "Bolsonaro Nunca Mais" com shows e intervenções.
"Nós queremos fazer esse chamamento público e coletivo, esse convite às populações LGBTQIA+ da grande São Paulo e região e fazer essa convocatória às pessoas que estão comprometidas com o debate da classe trabalhadora, que estão comprometidas com a defesa incessante dos direitos das populações LGBTQIA+ para que venha para as ruas com a gente no dia 17 nesta data tão simbólica de luta", enfatiza Dê Silva.